quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sobre jornalistas e o mundo


Outro dia estava assistindo um programa no qual um jornalista entrevistava outro. Interessante. Bem ao estilo de um papo de boteco, mas um papo entre jornalistas, vale ressaltar.  E coisa que todo mundo sabe que não é nada normal.

Entre vários assuntos interessantes, me chamaram a atenção duas características do entrevistado: se achar melhor que os outros e querer mudar o mundo.

E parei pra pensar: por que alguns jornalistas se acham melhores que as outras pessoas? Só porque têm um diploma (os que ainda o têm)? Só porque são da Imprensa? Só porque têm acesso ao conhecimento? Porque são ou foram correspondentes internacionais?

Na verdade, não são só alguns jornalistas que se acham melhores que os outros. Há vários psicólogos, médicos, atores, escritores, advogados, ou seja, pessoas que, independente da profissão, pensam assim também.

E eis que ficam as perguntas: Por que você é melhor que eu ou ele ou ela? Somos melhores que você? Mas esse é um assunto que dá muita margem para outro texto.


Sobre querer mudar o mundo, será que esse jornalista pode fazer isso? Será que vários jornalistas podem mudar o mundo? E eu, posso? Você pode? Eu acho que não. Não que eu seja pessimista ou que já aceitei a atual situação do mundo, porém vou me explicar.

Quando o jornalista denuncia um político corrupto, por exemplo, o cara pode até ser preso, mas quantos mais corruptos ainda atuariam no cenário político brasileiro? E no mundial? No dia seguinte, outra pessoa entraria para a política e se corromperia.

Se o jornalista denuncia falta de escolas, um crime, condições precárias da saúde, entre outros fatos, o governo pode até construir algumas escolas e hospitais, principalmente em época de eleição e o criminoso pode até ser preso, mas essas situações sempre se repetirão.

O que estou querendo dizer é que, não importa o quanto o jornalista, ou qualquer outra pessoa denuncie coisas erradas, sempre existe uma pessoa de má índole, com más intenções, que só pensa em si mesma, que não respeita o próximo.

Ok, cada um deve fazer a sua parte, mas e os que não querem fazer a própria parte? Você consegue entrar na cabeça de uma pessoa e dizer a ela "não seja corrupto, não se corrompa" ou "não mate, não roube", "pense mais nas pessoas que sofrem" ou "mude de vida, de atitude, de pensamento"? Não, ninguém consegue fazer isso. Infelizmente.

Por isso eu acho que ninguém muda o mundo enquanto TODOS não quiserem o mesmo. A mudança começa em você e se limita a só você. Só se pode mudar o próprio mundo, as próprias maneiras de pensar, agir, viver. Só você mesmo pode perceber e começar a pensar mais no próximo também. (É claro que é ótimo quando a sua mudança influencia outras pessoas, mas nem sempre isso acontece.)

E quando todos pensarem assim, o mundo muda.

Enquanto isso, "assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade", como diz Lulu Santos.

Para finalizar, quero deixar bem claro que isso é apenas minha opinião sobre os jornalistas quererem mudar o mundo. Não é, em hipótese nenhuma, uma ofensa a esses profissionais, afinal eu também sou formada em Jornalismo. É só uma reflexão sobre essas duas  características (se achar o máximo e querer mudar o mundo) que alguns jornalistas têm e isso é fato. E não é por pensar assim que eu ache que o jornalista tem que parar de fazer denúncias ou exercer sua função, já que a mesma se torna o exercício da própria cidadania.